Nos últimos anos, o debate sobre saúde mental no trabalho deixou de ser secundário para, com o propósito de promover ambientes mais saudáveis, ocupar um espaço central nas empresas. Questões como estresse crônico, ansiedade e esgotamento emocional impactam diretamente a produtividade, o clima organizacional e a segurança jurídica das organizações.
Com a sanção da Lei nº 14.831/2024 e a atualização da Norma Regulamentadora NR-1, cuidar da saúde mental dos colaboradores deixou de ser apenas uma boa prática e passou a ser uma obrigação legal. Mas o que isso significa na prática para quem lidera um time ou uma empresa?
Neste contexto, este artigo explica de forma clara o que mudou na legislação, quais são os riscos psicossociais reconhecidos oficialmente e o que as empresas devem fazer para se adequar. Ou seja, mais do que uma questão jurídica, estamos falando de uma mudança de cultura organizacional.
O que mudou na legislação?
Uma nova lei que traz o tema para o centro da gestão
Sancionada em 2024, a Lei nº 14.831 cria a Política Nacional de Saúde Mental nas Empresas. O principal objetivo, sem dúvida, é garantir que os trabalhadores tenham acesso a suporte psicológico e que o bem-estar mental seja tratado com prioridade.
De forma prática, e devido à nova lei, as empresas devem:
- As empresas devem oferecer ações de apoio psicológico aos funcionários;
- Além disso, precisam promover um ambiente mais saudável e prevenir situações que prejudiquem a saúde emocional;
- Devem criar ou reforçar programas internos de saúde mental.
Essa mudança legal veio como resultado de algo que muitas empresas já percebiam na prática: um colaborador emocionalmente sobrecarregado pode perder produtividade, adoecer com mais frequência e até se desligar precocemente da empresa.
NR-1 e a entrada dos riscos psicossociais no radar
Outro ponto importante foi a atualização da NR-1, norma que define as diretrizes gerais de saúde e segurança no trabalho.
A partir de maio de 2025, com a entrada em vigor da Portaria MTE nº 1.449/2024, todas as empresas precisarão incluir os riscos psicossociais no seu PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos).
Ou seja: além de prever medidas contra acidentes físicos, agora será obrigatório mapear e agir sobre fatores que afetam o emocional dos colaboradores, como:
- Sobrecarga de trabalho
- Ambiente hostil ou com conflitos constantes
- Falta de clareza nas funções
- Assédio ou situações de humilhação
E o que as empresas devem fazer na prática?
A lei não dita uma receita exata, mas aponta o caminho. O que se espera é que a saúde mental deixe de ser um tema periférico e passe a fazer parte das estratégias da empresa. Veja algumas medidas que podem (e devem) ser adotadas:
1. Entender os riscos
Cada empresa tem uma realidade. Por isso, o primeiro passo é fazer um diagnóstico: conversar com as equipes, aplicar pesquisas internas, observar sinais de desgaste emocional.
Dica: Formulários anônimos e escuta ativa em reuniões de equipe ajudam a levantar questões que muitas vezes ficam escondidas.
2. Criar espaços de acolhimento
Isso não significa abrir uma clínica dentro da empresa. Mas sim oferecer acesso a apoio psicológico — com profissionais especializados, convênios com planos de saúde ou parcerias externas.
Também vale pensar em ações preventivas: palestras, rodas de conversa, campanhas internas.
3. Preparar os líderes
É provável que, com essa legislação, mais empresas passem a olhar para a saúde mental com mais responsabilidade e estratégia.
Gestores têm papel essencial. Mesmo que não sejam especialistas em saúde mental, são eles que lidam diretamente com os times, observam comportamentos e podem identificar sinais de que algo não vai bem.
Dica: Promova treinamentos simples sobre empatia, escuta e sinais de alerta. Isso fortalece a cultura de apoio e evita que situações críticas passem despercebidas.
4. Registrar e formalizar as ações
A empresa precisa deixar claro, por escrito, quais ações estão sendo feitas, quem são os responsáveis e como os colaboradores podem buscar ajuda com segurança e sigilo.
Boas práticas que ajudam na adaptação à nova lei
Não é preciso começar com grandes programas. O importante é começar.
- Ofereça pausas reais durante a jornada, sem cultura do “ficar até mais tarde”.
- Estimule a escuta entre líderes e equipe, com reuniões regulares.
- Crie espaços (físicos ou virtuais) para relaxamento e conversas leves.
- Mantenha uma comunicação clara e transparente, inclusive nos momentos difíceis.
Dica: Às vezes, mudar a forma como a empresa reage a um erro ou conduz uma reunião já faz diferença na saúde emocional da equipe.
Conclusão
Cuidar da saúde mental no ambiente de trabalho passou a ser uma obrigação legal. Mas mais do que seguir regras, as empresas têm a oportunidade de evoluir sua cultura e construir ambientes mais saudáveis e humanos.
A nova lei e a atualização da NR-1 exigem atenção e ação. Para garantir que tudo esteja dentro do que a legislação determina — e que a empresa esteja protegida juridicamente — é fundamental contar com apoio especializado.
Atuamos com consultoria trabalhista e compliance, ajudando empresas a se adaptarem às exigências legais e a construírem políticas sólidas de saúde e segurança no trabalho.
Quer saber como essas mudanças podem impactar você ou sua empresa? Converse com um especialista e esteja preparado para a nova legislação.




