A energia solar vem ganhando espaço em todo o país, inclusive em condomínios residenciais e comerciais. A promessa de reduzir a conta de luz e o apelo sustentável têm chamado atenção de síndicos, moradores e investidores.
Entretanto, junto com os benefícios, surgem dúvidas legais: pode instalar placas solares no telhado do prédio? Precisa de autorização da assembleia? Como dividir os custos? E quais são os direitos dos condôminos?
Neste artigo, você vai entender o que a legislação brasileira prevê sobre a instalação de energia solar em condomínios e quais cuidados jurídicos são essenciais para evitar conflitos e garantir segurança para todos.
O que diz a legislação sobre energia solar em condomínios
A instalação de sistemas de energia solar em condomínios está prevista na legislação brasileira, mas requer atenção a alguns marcos regulatórios.
A base legal parte do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), que regula o uso das partes comuns e privadas. Além disso, a Resolução Normativa nº 482/2012 da Aneel, com suas atualizações, permite a geração compartilhada de energia elétrica, o que inclui os condomínios.
Essa geração pode ocorrer de duas formas:
- Uso exclusivo de uma unidade (por exemplo, um apartamento com área privativa);
- Geração compartilhada para as áreas comuns ou para todos os moradores, como nas chamadas usinas solares dentro ou fora do condomínio.
Cada modelo tem implicações jurídicas e operacionais distintas. Portanto, o apoio especializado é indispensável para garantir conformidade.
Aprovação em assembleia: regras e quórum necessário
Um erro comum é tentar instalar o sistema sem o aval da assembleia. Em condomínios, qualquer mudança que envolva áreas comuns ou afete a coletividade exige deliberação formal.
De acordo com o Código Civil:
- Benfeitorias úteis ou necessárias, como a energia solar, exigem aprovação por maioria simples dos presentes.
- Alterações estruturais ou de fachada podem exigir quórum qualificado (2/3 ou unanimidade, conforme o caso).
Dicas práticas:
- Registre tudo em ata, com detalhamento da proposta, valores e divisão de custos.
- Envolva um advogado na redação da pauta e verificação do quórum necessário para evitar impugnações futuras.
Regulamentação da Aneel e normas aplicáveis
A Aneel define regras específicas para conexão do sistema à rede elétrica, compensação de créditos de energia e segurança técnica da instalação.
As principais normas envolvidas são:
- REN 482/2012 e 687/2015: regulam a micro e minigeração distribuída;
- Norma ABNT NBR 16274: orienta sobre projeto e instalação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede;
- Norma NBR 5410: trata da instalação elétrica de baixa tensão.
Essas normas devem ser seguidas pela empresa instaladora, que precisa ser homologada junto à concessionária local.
Dicas práticas:
- Solicite a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e verifique se o projeto está em conformidade.
- Exija contrato com cláusula de responsabilidade técnica, garantindo respaldo jurídico em caso de falhas.
Direitos e deveres dos condôminos
A instalação de energia solar pode gerar questionamentos, especialmente quando envolve o uso de áreas comuns.
É dever do síndico garantir que:
- Todos os condôminos sejam informados com antecedência;
- A utilização das áreas comuns respeite o interesse coletivo;
- A divisão de custos e benefícios seja justa e transparente.
Por outro lado, os condôminos têm o direito de:
- Questionar e votar sobre o projeto;
- Solicitar esclarecimentos técnicos e jurídicos;
- Ser ressarcidos em caso de danos à propriedade privada.
Dica: inclua regras sobre uso e manutenção da estrutura no regulamento interno e cláusula de ressarcimento para eventuais danos.
Contratos e responsabilidades civis na implementação
A contratação da empresa de energia solar deve ser feita com atenção a cláusulas que assegurem, por exemplo:
- Garantia de desempenho e durabilidade dos equipamentos;
- Responsabilidade técnica por erros de instalação;
- Prazos de execução e penalidades por descumprimento;
- Cobertura de seguros e manutenção preventiva.
Além disso, recomenda-se firmar contrato interno entre o condomínio e os condôminos, estabelecendo:
- Quem pagará pela instalação;
- Como será feita a divisão de economia;
- Quais serão as penalidades por inadimplência.
Dicas práticas:
- Evite contratos genéricos e solicite análise jurídica personalizada.
- Inclua cláusulas sobre responsabilidade civil, cobertura de danos e foro de resolução de conflitos.
Benefícios jurídicos e econômicos da energia solar em condomínios
A energia solar traz vantagens que vão além da economia financeira.
Benefícios jurídicos:
- Redução de riscos trabalhistas em áreas elétricas;
- Melhoria na governança condominial;
- Valorização do imóvel com respaldo técnico e legal.
Benefícios econômicos:
- Redução média de até 90% na conta de luz das áreas comuns;
- Reinvestimento da economia em outras melhorias;
- Aumento da atratividade para locação e venda.
Dicas:
- Utilize relatórios de economia para apresentar em assembleias e estimular adesão.
- Verifique incentivos fiscais e linhas de crédito disponíveis na sua região.

Conclusão
A energia solar em condomínios representa uma tendência que une economia, sustentabilidade e valorização patrimonial. No entanto, sua implementação requer planejamento jurídico, técnico e coletivo.
Portanto, antes de instalar, é essencial entender as exigências legais, organizar a assembleia e firmar contratos sólidos com respaldo profissional.
Fale com nossos advogados e saiba como implementar energia solar no seu condomínio com segurança jurídica e eficiência.
1. O síndico pode autorizar a instalação por conta própria?
Não. A instalação exige aprovação em assembleia, principalmente se envolver áreas comuns.
2. E se apenas um morador quiser instalar para uso próprio?
É possível, desde que respeite as regras do condomínio e não afete a estrutura coletiva.
3. Precisa regularizar junto à Aneel?
Sim. A distribuidora local deve ser informada e o sistema precisa seguir as normas técnicas.
4. O que acontece se o equipamento causar danos?
A responsabilidade pode recair sobre o condomínio ou a empresa instaladora, conforme o contrato.
5. A energia solar pode gerar conflitos entre condôminos?
Pode, se não houver clareza sobre custos e benefícios. Por isso, a assessoria jurídica é fundamental.




