A tecnologia trouxe avanços inegáveis, mas, ao mesmo tempo, abriu caminho para ameaças que geram consequências jurídicas sérias. Golpes, fraudes, invasões e vazamentos de dados deixaram de ser exceções e se tornaram parte do cotidiano de empresas e usuários.
Quando esses problemas ultrapassam o campo técnico e chegam ao jurídico, é essencial compreender como a legislação brasileira se posiciona, quais são seus direitos e, principalmente, como se proteger.
Este conteúdo tem o objetivo de esclarecer os principais tipos de crimes digitais, apresentar as leis que amparam as vítimas e orientar sobre os passos necessários caso você, sua empresa ou sua equipe sejam impactados.
Principais Crimes Digitais no Brasil
Crimes digitais não se limitam a ataques de hackers ou grandes vazamentos. Eles acontecem diariamente, muitas vezes de forma silenciosa, afetando tanto pessoas físicas quanto empresas.
Entre os mais comuns está o estelionato eletrônico. Trata-se de golpes que usam perfis falsos, boletos adulterados, links maliciosos ou falsas centrais de atendimento. Esse tipo de fraude costuma parecer legítimo, o que aumenta consideravelmente o número de vítimas.
Outro crime recorrente é a invasão de dispositivos eletrônicos. Isso ocorre quando há acesso não autorizado a celulares, computadores, servidores ou sistemas empresariais. As consequências podem variar desde o roubo de informações até o sequestro de dados por ransomware, impactando seriamente negócios e clientes.
O vazamento de dados também é uma realidade preocupante. Geralmente, está associado à má gestão da segurança da informação. Empresas que não protegem corretamente os dados de seus clientes estão sujeitas a processos judiciais e sanções previstas na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Além disso, existem os crimes contra a honra no ambiente digital, como difamação, calúnia, injúria e ameaças online. A prática, seja por meio de redes sociais, sites ou aplicativos, gera danos morais e financeiros, que podem e devem ser reparados judicialmente.
O que diz a legislação sobre crimes digitais?
O Brasil conta com um conjunto robusto de leis que regulam a conduta no ambiente digital e responsabilizam quem pratica crimes na internet.
O Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) estabelece princípios, garantias e deveres para o uso da rede. Ele protege a privacidade dos usuários e define responsabilidades civis em casos de violação de direitos.
A Lei nº 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann, tipifica como crime a invasão de dispositivos eletrônicos, o acesso não autorizado, o roubo de dados e a divulgação de informações obtidas ilicitamente.
Por sua vez, a LGPD (Lei nº 13.709/2018) trata especificamente da proteção de dados pessoais. Ela impõe obrigações rigorosas às empresas e organizações no tratamento dessas informações. Negligenciar a proteção de dados não só traz prejuízos financeiros, como também pode resultar em multas que chegam a 2% do faturamento anual.
Além dessas, o Código Penal aplica-se em casos de calúnia, difamação e injúria praticados no meio digital, deixando claro que a internet não é território livre para práticas ilícitas.
O que fazer se for vítima de crime digital?
Se você foi vítima de crime digital, a primeira providência é preservar todas as provas. Capture telas, salve e-mails, registre conversas e URLs. Quanto mais completo for esse material, maior será sua força probatória.
Na sequência, é fundamental registrar um boletim de ocorrência. Sempre que possível, busque uma Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos. Caso não exista na sua cidade, faça o BO online nos portais das Polícias Civis.
Além disso, recomenda-se fortemente buscar assessoria jurídica especializada. Dependendo do caso, além da esfera criminal, também é possível acionar a justiça civil para buscar reparação por danos materiais e morais.
Vale lembrar que canais como a SaferNet e o Ministério da Justiça oferecem suporte, principalmente em situações que envolvem direitos coletivos ou crimes de maior recorrência no ambiente digital.
Como se proteger de crimes digitais?
A proteção começa, sobretudo, pela educação digital contínua. Para empresas, isso significa estruturar políticas internas de segurança da informação, investir em treinamentos periódicos e adotar protocolos rígidos no armazenamento e tratamento de dados.
Práticas como uso de senhas fortes, autenticação em dois fatores e atualização constante dos sistemas são medidas básicas, porém altamente eficazes. Além disso, é essencial manter um monitoramento constante de acessos e atividades suspeitas, além de implementar camadas extras de segurança em servidores e sistemas.
Contar com assessoria jurídica especializada também faz parte da estratégia de proteção. Afinal, além de reduzir riscos legais, garante que sua empresa esteja devidamente alinhada às exigências da LGPD e às melhores práticas de compliance digital.
Negligenciar a segurança não só expõe o negócio a ataques, como também compromete sua reputação e o relacionamento com clientes, fornecedores e parceiros.
Conclusão
O ambiente digital oferece inúmeras oportunidades, mas exige, ao mesmo tempo, atenção e preparo. Crimes cibernéticos não são apenas problemas técnicos — são também questões jurídicas, com impactos que podem comprometer operações, reputações e finanças.
Por isso, mais do que reagir, é necessário se antecipar. Seja para implementar uma política robusta de segurança digital, estruturar processos de compliance ou enfrentar uma situação já ocorrida, ter suporte jurídico especializado faz toda a diferença.O time da BMB Advogados está preparado para oferecer consultoria em proteção de dados, direito digital e segurança jurídica no ambiente online. Converse com nossos especialistas e garanta que sua empresa esteja protegida contra riscos no mundo digital.