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Carros elétricos em condomínios: o que a lei permite e o que o síndico pode proibir

Com o crescimento da mobilidade elétrica no Brasil, os condomínios estão se tornando palco de um novo tipo de conflito: a instalação de carregadores para carros elétricos em garagens residenciais. A demanda por essa infraestrutura está em alta. Porém, muitos síndicos ainda não sabem exatamente o que podem ou não autorizar — ou proibir.

Afinal, o direito à propriedade permite a instalação de um ponto de recarga? O condomínio pode impedir?

Neste artigo, você vai entender o que diz a legislação, qual é o papel do síndico, os direitos dos condôminos e os principais desafios técnicos e jurídicos sobre o tema.

A popularização dos carros elétricos e os desafios nos condomínios

Nos últimos anos, os veículos elétricos deixaram de ser uma promessa futura. Eles já fazem parte do cotidiano em grandes centros urbanos. Essa transformação, impulsionada por incentivos fiscais e pela busca por sustentabilidade, trouxe uma nova exigência aos moradores de edifícios residenciais: onde carregar seus carros?

Contudo, a maioria dos prédios não foi projetada para essa realidade. Muitas construções possuem infraestrutura elétrica ultrapassada e sem previsão de adaptação para esse tipo de consumo. Como resultado, surgem impasses entre moradores que querem se adaptar e gestões preocupadas com riscos e custos.

💡 Dica rápida: Antes de propor mudanças, consulte a convenção do condomínio e verifique se há previsão de modernização da estrutura elétrica.

O que diz a legislação sobre carregadores em condomínios

Direitos e deveres segundo o Código Civil

O artigo 1.336 do Código Civil assegura ao condômino o uso de sua unidade e das áreas comuns, desde que não prejudique os demais. Já o artigo 1.335 garante o uso proporcional dessas áreas. Isso significa que, em tese, instalar uma tomada para carro elétrico em uma vaga privativa pode ser viável, desde que não gere prejuízo coletivo.

Leis e projetos em andamento

Embora ainda não exista uma lei federal específica para o tema, existem propostas relevantes em tramitação. O PL 81/2020, por exemplo, propõe medidas para incentivar a instalação de pontos de recarga em novos empreendimentos residenciais.

Além disso, a Lei 14.300/2022, conhecida como Marco Legal da Geração Distribuída, reforça a importância da modernização elétrica como pauta coletiva.

Normas técnicas da ABNT

A instalação de carregadores deve seguir as orientações da ABNT NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão) e da ABNT NBR 17141 (infraestrutura de recarga para veículos elétricos). Essas normas estabelecem os padrões técnicos para garantir a segurança e o bom funcionamento das instalações.

💡 Dica rápida: Todo projeto de instalação deve contar com um engenheiro eletricista responsável e respeitar as normas técnicas vigentes.

O síndico pode proibir? Entenda os limites legais

O papel do síndico e da assembleia

O síndico tem o dever legal de cuidar da segurança, legalidade e funcionamento do condomínio. Isso inclui impedir alterações que comprometam a estrutura ou sobrecarreguem a rede elétrica. No entanto, ele não pode simplesmente proibir por opinião pessoal ou resistência à inovação.

Toda alteração estrutural ou que envolva área comum exige deliberação em assembleia, idealmente com quórum qualificado, conforme a convenção do condomínio.

O que o síndico pode ou não proibir

  • Não pode proibir sem embasamento técnico ou jurídico.
  • Pode exigir projeto técnico, avaliação de impacto e rateio de custos.
  • Não pode impedir o uso de vaga privativa, desde que a instalação siga as normas e não afete o coletivo.

💡 Dica rápida: Registre em ata todas as decisões sobre infraestrutura elétrica. Isso evita futuros conflitos e garante respaldo jurídico.

Direitos dos condôminos e o uso de vagas para recarga

Todo condômino tem o direito de usar sua unidade e as áreas comuns de forma proporcional. Isso inclui a possibilidade de adaptar sua vaga de garagem, desde que:

  • Não cause danos à estrutura;
  • Não comprometa a segurança dos demais moradores;
  • Siga as normas técnicas e a legislação vigente.

Vale destacar que a instalação em vaga privativa é diferente da instalação em área comum. No segundo caso, é necessário maior planejamento, consenso e participação da assembleia.

Desafios técnicos e jurídicos envolvidos

A modernização da infraestrutura elétrica de um prédio envolve atenção especial:

  • Risco de sobrecarga elétrica que pode comprometer o sistema do edifício;
  • Aumento no consumo, exigindo medição individualizada;
  • Risco de incêndio em instalações mal executadas;
  • Possível envolvimento em responsabilidade civil, caso ocorram danos;
  • Necessidade de projeto assinado por engenheiro habilitado.

Portanto, antes de qualquer instalação, é essencial buscar orientação especializada — tanto técnica quanto jurídica.

A chegada dos veículos elétricos aos condomínios é inevitável. Assim como outras inovações que mudam o estilo de vida nas cidades, ela exige preparo, diálogo e clareza jurídica.

O síndico deve agir como mediador, buscando soluções que respeitem os direitos individuais sem comprometer o coletivo. Para isso, contar com um advogado especializado pode evitar conflitos, retrabalho e prejuízos.

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